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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Querido professor,

it's a long way to the top if you wanna rock 'n' roll e você provavelmente não entende o que essa frase quer dizer para mim. Aposto que não pensou direito ou refletiu antes de me perguntar se eu estava feliz com a minha nota só porque eu estava cantando.

Não professor, eu não estou feliz e não estou satisfeita. Na verdade, ainda me pergunto por que não fui capaz de tirar uma nota melhor se estudei e prestei atenção em todas as suas aulas, enquanto muita gente que nem tem presença se saiu melhor.

Ensaiei uma vitimização, um email mal educado, mas engoli o choro e resolvi que vou me conformar. Preciso de um dez na média.

Agora, se você acha que eu devo demonstrar minha insatisfação com minhas notas e me humilhar publicamente, não tenha dúvidas que, caso eu não tire meu dez no próximo bimestre, vai ser no seu ombro que vou chorar. E muito!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

One of those days

Acordei às 13h achando que eram 12h, não bom. Isso quer dizer que meu namorado já tinha voltado para o trabalho, meu irmão já tinha almoçado e estava se atrasando para ir à escola e eu havia perdido metade do meu dia, ou mais que isso.

Almocei sozinha, pensando que o fato de eu não ter crédito no celular me impedia de ao menos mandar uma mensagem para o namorado. Olha, uma coisa eu garanto: namoro é problema. Mas eu amo problema de qualquer jeito.


Enfim, tudo atrasado me deixa muito, mas muito estressada e eu não sei por onde começar para eliminar uma coisa por vez, aí fico pensando o que farei primeiro enquanto já são quase 16h e eu não comecei nada.


Sou bonita?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O maldito All Star

Sabe o que mais me irritou? Nem eu sei.

Estava frio, eu tinha gripe, havia brigado com a minha mãe e estava sem a menor paciência para me arrumar.

Cheguei atrasada, com a roupa surrada, o maldito all star nos pés, papel e caneta em mãos. Eu era a fã.

Quantos sorrisos eles distribuíram naquele dia? Quantas fotos, quantos autógrafos? Mesmo assim, o meu parecia especial. No fundo, eu sabia que aquele seria um dia especial, não às quatro da tarde, quando cheguei, mas às oito da noite, quando o show começou.

A partir daquele momento eu soube que qualquer loucura valeria a pena e mentir, enrolar, aprontar, foram apenas consequências dessa coisa louca que se passa em minha cabeça, mas que eu não saberia explicar nem em um milhão de anos.

Olhar em volta foi um exercício complicado. Enquanto, de um lado, adolescentes suados e descabelados pulavam e gritavam descontroladamente, do outro, garotas de saia e salto alto esperavam pelo momento em que um deles as olharia de cima do palco e decidiria que ela seria a escolhida. Esse momento, no entanto, não existiu.

A saída foi rápida, sem muito tumulto. Um bilhete mal escrito que não surtiria efeito, uma hora de espera sentada em frente ao McDonald's e o maldito All Star que se somava à sensação de desgosto por ter colocado aquela blusa que remete à música de trabalho deles. A maior breguice do milênio.

Descer ruas escuras acompanhada de apenas uma pessoa não era meu esporte favorito, mas eu aprenderia que sem esforço não há recompensas e nem sempre o caminho mais claro é o mais seguro, nem sempre o caminho mais seguro é o mais legal. Segurança não me levaria onde eu queria chegar naquele momento, então eu aproveitei para ensaiar algumas coisas que eu gostaria de dizer, enquanto fingia prestar atenção na conversa.

E foi assim, meio distraída, meio desacreditada, que eu conheci uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu, que não tenho talento para isso, que não tenho experiência, que vestia uma porra de um All Star que não combinava em nada com a merda da minha roupa.

Acordei ainda anestesiada, parei um pouco só para ouvir a batida de um coração estranho. O dia amanheceu quente e minha roupa de frio não fazia mais sentido. Senti vergonha, não quis fazer barulho. Saí como se eu não tivesse existido, não sei se fiz certo. Eu deveria ter comprado um café? Eu sei seu sabor favorito, mas ainda assim... eu precisava voltar para casa, para a vida real.

Olhei para o tênis, a língua que antes eu reconhecia como símbolo dos Rolling Stones agora me chamava de boba, otária. E eu só pude sorrir porque, é, no fundo eu sei que sou. Perdi uma parte irrecuperável e ganhei lembranças impagáveis naquele dia.

Entre saltos, saias, decotes e meias rasgadas, o maldito All Star venceu.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Culpa

Fechei os olhos para não te encarar, tentei respirar, mas aquela mesma sensação de sufocamento continuou quando os abri.

Senti uma gota espessa vir lá do meu coração de encontro à palpebra e segurei-a até estar longe do seu alcance. Eu tenho sorte de ser rápida.

Eu sei que, de uma forma ou de outra, você me conhece e entende que há algo errado. Eu sei que, se você pudesse escolher, teria me cumprimentado com um bom dia hoje de manhã, sem nenhuma daquelas palavras horríveis que você disse. O problema - e que problema! - é que você não pode voltar atrás. Eu não posso voltar atrás. E assim ficamos nós, uma de cada lado, com a consciência pesada.
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